Sexta-feira,
07 de julho de 2017, na série B jogam Goiás e Luverdense e Paraná e América,
mas minha esposa assiste a novela das nove da globo. Sem opção e sem condição,
no momento, de ler um pouco mais sobre a doutrina espírita, resolvo pensar
sobre a semana do Galo. Período que começou com uma belíssima vitória sobre o
rival e que foi ofuscado pela derrota na Bolívia.
Resolvo,
então, dar uma passada nos grupos de whatsapp do Galo que participo. Num deles,
dois participantes, ao divergirem sobre um assunto, resolvem ir para o privado
para poder marcar “um encontro e sair na mão”, assim mesmo como está escrito.
A
paciência, que já era pouca, esgotou. No entanto, do fundo da alma, começo a
pensar nos dois sujeitos, que nem conheço pessoalmente. Não com raiva ou dó
deles, mas tentando entender porque num grupo de pessoas que têm o mesmo amor
por um clube e, consequentemente, os mesmos desejos para esta agremiação reagem
com tanto ódio e intolerância.
Daí,
veio novamente a constatação de que o que somos nos grupos de whatsapp não
difere do que somos fora deles, em quaisquer que sejam os ambientes. Ódio e
intolerância estão aí na nossa sociedade. Na fila do banco, na padaria, no
escritório, no estádio ou arena ...
O
maior desafio nosso talvez seja entender como lidar com isso e como fazer para
melhorar tais ambientes. Nesse caso, ficarei nos grupos de whatsapp e estádios
de futebol. Não se trata de pensar que todos devem ter as mesmas opiniões. Ao
contrário, todos nós temos que aprender a conviver com as imperfeições e as
diferenças. O jogador criticado por um pode ser o melhor em campo para o outro.
Aquele que “só toca para trás”, pode ser o melhor centro-campista para o outro.
Mas para isso, precisamos, para aprender a conviver com a “corneta” nossa ou do
outro, ser tolerantes com os que não
pensam e agem como pensamos e agimos.
Extinguir
do estádio ou do grupo aquele que não pensa como nós gera a falsa impressão de
unanimidade e, a ainda mais falsa, verdade que precisa se impor aos demais. O
excesso de concordância acaba sendo pior que o erro. Não se cresce. Não
nos educamos entre si. Não aprendemos.
Porém,
é imperioso, sim, fazer distinções. O marginal que agride um jogador não é um “corneta”.
Como diz minha avó: “pão, pão. queijo, queijo”. O marginal que agride não é
torcedor. O torcedor que “corneta” não é marginal. Precisam ter destinos diferentes.
Assassino e vítima não podem ser tratados da mesma forma. Não podemos e muito
menos devemos confundi-los.
Voltando
ao grupo de whatsapp do Galo. Não se trata de dizer que por concordar com um,
este estará certo e o outro errado. Precisamos coexistir e, para isso, devemos
alimentar, diariamente, em nós a tolerância. Esta capacidade adquirida nos faz
aceitar que teremos sempre mais de um ponto de vista e que esse pluralismo é
saudável.
Mais
objetivamente. Sempre leremos ou escutaremos coisas do tipo “cara, o Galo não
teve raça” depois de uma derrota. Ou, “cara, o time tá certinho” depois de uma
vitória. Foi assim nessa semana. Segunda, favoritos a tudo. Quinta,
fracassados. É aqui que está o ponto central do texto. Sempre foi assim. Cabe a
quem consegue, exercer uma tolerância ativa e constante. Ainda que não concorde
com a opinião do outro, manifeste a sua opinião com respeito à opinião do outro
e ao outro, respeitando seus valores e, assim, crescendo junto com ele.
Aqui é Galo.
Por @pauloazulaybh